TRANSCRIÇÃO BRAILLE DE PARTITURAS MUSICAIS
Ler e tocar partituras musicais é uma atividade comum a todos que gostam de fazer música, seja em casa, na escola , na igreja, seja com amigos ou até mesmo sozinho. A escrita do repertório musical da nossa cultura ocidental se revela em diversos tipos de Notação musical que marcaram a época de um estilo musical, como a Ars Nova, o Barroco e assim por diante, até o Jazz e a MPB contemporâneos. E desse modo, assim como a maior parte das pessoas leem as partituras com os olhos e tocam as músicas com as mãos, ou a desempenham com a voz, há outras pessoas que tendo deficiência visual usufruem do mesmo repertório de uma maneira particular: elas leem com a ponta dos dedos tocando nota por nota escrita em alto-relevo no papel e, assim, logo assimilando o sentido musical para, em seguida, terem o desempenho ao instrumento ou com a voz.
A notação musical em braille é amplamente conhecida no Brasil, na América Latina e nos países Ibéricos como musicografia braille. É uma forma de escrita musical que é relativa à notação musical tradicional "em tinta" para videntes, criada pelo francês Louis Braille, em 1829, que era cego e músico organista e também criador do Sistema Braille. Assim como o próprio Sistema Braille se tornou internacionalmente como instrumento de escrita e leitura dado aos cegos, sendo reconhecido pela UNESCO, a musicogtafia braille teve o seu próprio desenvolvimento mundial no decorrer do século XX se consagrando no tratado internacional em 1992, na Suiça, que unificou a notação musical em braille a um padrão internacional. Disso, resultou no documento oficial: "Novo Manual Internacional de Musicografia Braille".
Tendo em vista a breve narrativa da origem e da cultura, podemos seguir diretamente ao ponto do tema deste texto: como se dá a transcrição de uma partitura musical?
Considerando que o(a) transcritor(a) seja um músico com um conhecimento razoável em teoria musical e que tenha, também, conhecimento aplicado ao Sistema Braille e à musicografia braille, utilizando-se do programa Braille Fácil e do Novo Manual Internacional de Musicografia Braille é possível transcrever fielmente partituras em tinta para o braille. O Manual de Musicografia Braille permite ao músico editor consultar os sinais específicos de cada música, e o editor, por sua vez, realiza uma breve análise formal da música, identificando suas repetições, simetria ou assimetria de frases, quantidade de compassos, seções, para então decidir qual modelo de transcrição braille será utilizado na partitura em questão. Partindo dessa análise, o editor pode escrever manualmente com digitação Perkins cada caractere braille que irá compor a partitura. Isto consiste, portanto, num trabalho editorial de fato, pois as conclusões e análises do editor podem modificar a partitura favoravelmente ou, ainda, de acordo com as preferências do leitor que irá receber a transcrição.